terça-feira, 20 de abril de 2010

A importância do PMDB para o PT

Ao abrir o primeiro caderno do jornal O Liberal, neste último domingo (18), deparei-me com artigo escrito pelo doutor em Economia Política, assessor do Governo do Estado e secretário da executiva estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), Cláudio Puty.

Não o conheço pessoalmente, mas acredito que ele seja muito corajoso (ou talvez ingênuo demais) por ter escrito contra o PMDB e seu maior líder regional, Jader Barbalho.

Em seu texto Puty fala da “ilusão de que, sem a anuência do PMDB, nada se move, nada prospera”. O que se dizer sobre isso? Que, infelizmente, é verdade. A aliança entre o PT e o partido de Jader Barbalho começou em 2002 com a chegada de Lula ao Governo Federal.

Por muito tempo o PT pensou que sozinho – como o PSOL está fazendo hoje – teria condições de chegar ao poder, mas só começou a ter crescimento após as grandes alianças com demais partidos de esquerda e centro, dentro do tabuleiro político, em especial com o PMDB.

Puty entende que as denúncias feitas pelo jornal Diário do Pará que é de propriedade de Jader Barbalho, são descabidas, falsas e levianas, criadas em “intrigas de bastidores”. Que estas não refletem a "verdade” em relação ao governo de Ana Júlia Carepa.

Ele afirma ainda que o “PT não vai se intimidar, e que não tem medo de arreganhos e cara feia”, assegura que paciência tem limite e que já está na hora do PT caminhar ao lado de novos parceiros.

Entretanto, é bom ele refletir bastante sobre a questão. Sem a aliança do PMDB, o PT terá sérias dificuldades de se manter no poder, mesmo tendo a maquina oficial nas mãos, em virtude da imagem bastante desgastada da governadora.


Jader Barbalho nunca dá ponto sem nó. É um político experiente, astuto, uma velha raposa nos bastidores, com a visão do processo que hoje em dia, poucos políticos, antigos ou novos conseguem ter.

Jader tem cadeira garantida tanto no Senado como na Câmara dos Deputados. Com tal influência, consegue fazer com que o PMDB ocupe espaços estratégicos no governo estadual e federal.

Hoje, além de Ana Júlia, sabe-se que tanto Simão Jatene e até mesmo Almir Gabriel (que não tem mais condições de comandar o estado), ambos do PSDB e inimigos mortais, pretendem voltar a governar o Pará. Mas, fica no ar a pergunta: Jader Barbalho pretende disputar o governo ou vai mandar sua bucha de canhão oficial José Priante?

Caso ele coloque seu primo como candidato, o mesmo só servirá para tirar votos de uns e dar os mesmos para os aliados do PMDB. Jader sabe que seu apoio é fundamental para eleger qualquer um, e isso é uma verdade, mesmo que triste.

Cláudio Puty que anda pelos bastidores do poder, sabe muito bem que sua carta vai irritar Jader Barbalho, e que uma retaliação por parte deste será inevitável. Espera-se que ele esteja preparado psicologicamente para isso.

Caso isso ocorra – o que é bem provável – o governo de Ana Júlia Carepa terá muito trabalho para acalmar a fera. Jader pode acabar se aliando a Simão Jatene e com isso frustrar de vez ou pelo menos em parte as expectativas do Partido dos Trabalhadores de manter-se no poder.

O fato diminuiria consideravelmente as poucas chances de Ana Júlia manter-se como governadora. E pode-se dizer que Puty foi infeliz em despertar a ira de Barbalho.

Jader tem cartas na manga capazes de eleger seus aliados ou simplesmente derrubar seus desafetos. Com isso, o PT precisará ter certeza de que ao chegar o período eleitoral, Ana Júlia Carepa terá a competência e cacife político necessário para manter-se no cargo de governadora.

O Pará não tem grandes novidades na política local, ainda mais para o cargo majoritário mais importante. Desta forma, ficamos a mercê de um pequeno grupo de coronéis que vem e vão, mandando e desmandando, usando dos recursos financeiros públicos não para a melhoria de vida da sociedade paraense, mas para o seu crescimento próprio.

Enquanto esses coronéis se mantêm no poder, o Pará continuará na contra-mão do desenvolvimento. Pouco ou nada pode ser feito para que mudanças substanciais ocorram no estado, acredito que uma reforma política – de preferência radical – possa mudar tudo isso, não só no Pará, mas no Brasil como um todo.

Uma reforma em que o poder político tanto dos partidos quanto dos seus candidatos sejam reduzidos, vamos imaginar uma mudança brusca, onde o político independente do cargo que ocupe seja obrigado a trabalhar – e quando falo em trabalhar é bater ponto – todos os dias, de segunda a sábado, de 8h às 18h.

Vamos imaginar que este mesmo político seja obrigado a deixar todos os seus outros negócios – lícitos ou não – para se dedicar exclusivamente ao cargo que esta exercendo, que este mesmo político não tenha regalias, nem possa fugir de uma possível cassação.

Se imaginarmos este cenário, saberemos que poucos teriam coragem e competência de se candidatar, e que estes seriam pessoas que realmente querem trabalhar em prol do desenvolvimento da sociedade. Mas infelizmente este é um sonho que talvez nunca se realize.

2 comentários:

  1. A reforma política acontecerá efetivamento se o Projeto Ficha Limpa virar lei. Tenho absoluta certeza q mais da metade do Congresso Nacional não volta.

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  2. Eu realmente espero que o Projeto Ficha Limpa seja votado e vire lei, também não aguento mais tantos políticos corruptos no poder.

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