terça-feira, 29 de maio de 2012

Como usar com eficiência a Linguagem Não-Verbal na Segurança Pública e privada.

Na semana passada fui até o shopping fazer umas últimas compras para o meu casamento – casei no sábado (26) – e em um dado momento sentei para descansar quando percebi que um rapaz andava de forma “estranha”, rápida, desengonçada, olhando para os lados como se estivesse vendo se não estava sendo vigiado. Após ele passar por mim, percebi que um dos agentes de segurança do shopping passava uma informação pelo rádio sobre o rapaz. Fiquei sentado refletindo sobre a situação, de como eles – os agentes de segurança - poderiam ter alguma certeza de que o jovem estava de alguma forma cometendo ou pretendia cometer algum ato ilícito.
O que venho percebendo aqui na minha cidade, Belém-PA, é que infelizmente não se tem um trabalho de treinamento voltado para a comunicação não-verbal. Tenho alguns amigos que são da área de segurança pública, policiais civis e militares, e conversando com eles percebo que eles tem interesse no assunto, assim, estariam mais preparados para poder abordar com mais cuidado e segurança os cidadãos. Formação No Brasil temos o Dr. Senna, do Instituto Brasileiro de Linguagem Corporal (Ibralc), e Paulo Sergio de Camargo, especialista em grafologia avançada e comunicação não-verbal, fazem parte de um círculo ainda pequeno de especialistas capacitados a ministrar cursos para as forças de segurança tanto pública quanto privada. Nos EUA os agentes policiais norte americanos não só tem uma preocupação a mais em aprender, como também tem profissionais como o Dr. Paul Ekman – inspirador da série Lie To Me, que infelizmente a FOX cancelou no depois da terceira temporada - , Stan B. Walters – que tem uma empresa especializada que dá consultoria e treinamento para diversos departamentos de polícia, Gregory Hartley, que foi interrogador das forças armadas , onde ele passou pelo treinamento na escola SERE ( Survival Evasion Resistance Escape), e o Instituto para Treinamento de Análises Comportamentais ( Behaviour Analysis Training Institute). Antes de mais nada é preciso observar com atenção todos os detalhes corporais daquele que você acha ser um “perigo” em potencial. É preciso tomar muito cuidado, pois não se pode dizer que a pessoa esta mentido ou que ela é agressiva apenas através de um gesto, ou de um olhar “torto”. É preciso estar atento a todos os detalhes, estar de prontidão sempre, mas com a mente aberta, um julgamento errado pode trazer sérios problemas para o agente de segurança quanto para os que o cercam.
Para Gregory Hartley, devemos aprender a R.E.A.D (Revisar-Estimar-Analisar-Decidir). “Abra seus olhos e ouvidos. Desligue o seu cérebro preconceituoso e superanalítico e observe da mesma maneira que as crianças observem.” Parece estranho dizer isso, mas as crianças tem um jeito de observar tudo e todos que estão ao seu redor com menos preconceito que os adultos. Com este olhar “infantil” podemos de alguma forma diminuir a possibilidade de erros de diagnóstico. Segurança Mas quando sabemos que o suspeito esta pretendendo cometer alguma infração? Nunca é demais repetir que não se pode acusar alguém com base em informações únicas, divididas, apenas por um gesto. Cuidado com estereótipos como o uso de tatuagem, muitos profissionais altamente qualificados usam tatuagens. Eu mesmo conheço vários profissionais – professores, médicos, advogados, jornalistas, etc, que usam tatuagens e são homens e mulheres da melhor qualidade, cidadãos exemplares. É claro que outros de não boa índole também usam tatuagens, é neste momento que se deve separar o joio do trigo. Lembram quando comecei falando sobre o shopping? Esses centros de compras são frequentados pelos mais diversos tipos de pessoas, é preciso que os agentes de segurança desses locais tomem cuidado ao observar os seus “suspeitos”, às vezes, roupas diferentes não quer dizer que eles estão prestes a cometer um crime. Claro que as roupas passam informações importantes. Contudo, muitos criminosos estão mais “elitizados”, usando roupas mais finas, ficando mais na “estica” para que não pareçam que vão cometer seus delitos.
Uma das muitas formas de se identificar um criminoso, é através do suor e ou transpiração acima do normal, é claro que tem pessoas que tem problemas glandulares, que transpiram absurdamente. Mesmo assim, o suor ajuda a identificar um possível suspeito. Observando o suor na testa e perto dos lábios e como a pessoa enxuga o rosto, fora as mãos e as axilas que devem estar banhadas de suor. Se uma pessoa esta muito nervosa, ela pode fazer – de forma inconsciente – com que uma de suas pernas comece a se mexer de forma acelerada, isso acontece quando o criminoso é novo no “negócio”. Outra forma é colocar as mãos nos bolsos, como se estivessem escondendo alguma coisa. Outra forma é o olhar do suspeito. Afinal tem um velho ditado que diz que os olhos são a janela da alma. Alguns especialistas dizem que um mentiroso e ou criminoso não é capaz de um contato visual direto. Mas não é bem assim, mentirosos profissionais, assim como os criminosos conseguem sim encarar suas vítimas ou seus adversários – agentes de segurança pública e ou privada. Tecnologia Alguns criminosos acabam encarando seus opositores como forma de desafio. No livro Mentira: um rosto de muitas faces, o autor Wanderson Castilho fala sobre a detecção da mentira através de tecnologias. “O arsenal antimentira de que dispomos é vasto. Polígrafos, por exemplo, são máquinas que medem o estresse fisiológico de alguém que está sendo interrogado, de forma a descobrir alterações emocionais quando se conta uma mentira.” Além do polígrafo, podemos contar também com softwares como o Face Reader da empresa holandesa Noldus, e o F.A.C.E Training criado pelo Dr. Paul Ekman . Conclusão O objetivo deste artigo é tentar esclarecer alguns pontos sobre a segurança tanto pública quanto a privada, e como os agentes da lei e seguranças particulares devem tomar muito cuidado ao abordar as pessoas. Afinal de contas, todos são iguais perante a Constituição brasileira, agredir fisicamente ou moralmente um cidadão é crime, é necessário que todos os profissionais procurem se aprimorar sempre. “A análise do comportamento não verbal não é mágica, mas um esforço em reconhecer padrões na movimentação e nas expressões faciais de uma pessoa.” Como escrito pelo Dr. Senna em seu artigo Análise do Comportamento Não Verbal. Comunicação não-verbal é uma ciência que deveria, na verdade deve ser empregada no dia-a-dia de todos os cidadãos, como forma de melhorar a sua relação com o outro. Referências EKMAN, Paul. A linguagem das emoções: Revolucione sua comunicação e seus relacionamentos reconhecendo todas as expressões das pessoas ao redor – São Paulo. Lua de Papel, 2011. WALTERS, Stan B. A verdade sobre a mentira: Aprenda a identificar mentiras e a não ser enganados – Rio de Janeiro. Best Seller, 2005. HARTLEY, Gregory e KARINCH, Maryann. Você para mimé um libro aberto: Como ler mensagens e emoções que as pessoas realmente estão transmitindo com sua linguagem corporal. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2007. CASTILHO, Wanderson. Mentira: um rosto de muitas faces. Detecção de mentiras por meio das micro expressões faciais. São Paulo. Matrix editora, 2011. http://linguagemcorporal.net.br/comunicacao-nao-verbal/analise-comportamento-nao-verbal/

Nenhum comentário:

Postar um comentário